depois da aula coloquei na cabeça que tinha que almoçar o crepe vegetariano que comi no Boulevard Saint Germain ontem. Ai. kkkk Coisas de Renata... Como era muitooo contra-mão resolvi fazer uma paradinha na Rue de La Bucherie, 37 na livraria Shakespeare & Company.Como eles mesmo falam: superbe!!
Comprei o meu mais novo presentinho... Se chama "Bonjour Tristesse" é um clássico da francesa Françoise Sagan, ele é dividio em 3 partes, já terminei a 1a parte hoje pela noite... É em inglês, aliás a Shakespeare and Company é considerada a 1a livraria no continente europeu a vender livros em inglês. Adoro isso, história...
A 1a Shakespeare and Company foi fundada pela norte-americana Sylvia Beach, Hemingway fala dela e da livraria no seu livro 'Paris é uma festa'. Sylvia Beach ao que me parece foi uma daquelas pessoas iluminadas que nasceram para incentivar outras pessoas... Na sua livraria também tinha uma biblioteca. Hemingway pegava livros emprestado às vezes sem nem ter dinheiro para pagar e quando podia ele pagava, tudo isso incentivado por ela e assim o foi com outros...
A Shakespeare & Company foi aberta em 1919, muda de lugar, passa por crises ... e fechas as portas com a tomada de Paris pelos Nazistas e nunca mais reabre.
George Whitman tinha uma livraria em Paris chamada Le Mistral e quando Silvia morre, isso nos idos de 60, ele muda o nome da sua livraria para Shakespeare & Company para homenageá-la. Ele também morreu e quem hoje cuida da livraria é a filha. A livraria é um charme! Livros por todo canto, bem sedutor! Livros pelo chão, em altas estantes, empilhados um por sobre o outro esperando serem alocados nas estantes e outros ainda bem dispostos em mesas de madeira, tudo evocando ao passado, a literatura e a imaginação...
Por um momento, pensei que se por acaso eu fechasse meus olhos, eu poderia sentir Hemingway passando por mim com o olhar longe e pensativo provavelmente na próxima obra, ou chateado por estar simplesmente travado mas pensando firmemente que nada melhor que um café em Paris para recompor a imaginação...
Quisera eu ter feito isso, fechado os olhos solenemente à espera dele passar... Fui interreompida com a idéia pelo constante entra e sai de clientes ávidos pelo conhecimento ou simplesmente por estar em um lugar famoso. A barriga roncara há algum tempo e tive que satisfazer a necessidade carnal com um fatal pedaço de chocolate. Isso não me agrada.
Isso não me agrada pois, chocolate ou qualquer outro doce para mim é um item especial para me presentear em momentos para lá de especiais... Meu pai me colocou tanto medo por causa de diabetes (e eu nem tenho histórico na família) e David com seu histório familiar, que evito. Naquele momento (sim era único), o chocolate foi utilizado como forma de aplacar a fome. Dessa forma, sua função inicial foi usurpada e eu me senti ligeiramente envergonhada.
Senti-me quando somos crianças e a mãe faz algum doce e diz para que não inventemos de comer um antes da hora pois é feio não esperar os convidados chegarem. O problema era que os convidados estavam já quase para passar mal... Eu que não tinha me preparado para o doce me alimentando da comida de sal antes... Ao menos, salvei o passeio.
A fome passou e pude me deleitar mais um pouco com os lindos livros, o apanhador no campo de centeio; todos de Hemingway em capa dura ou não; Scott Fitsgerald; os clássicos meus amigos, os clássicos! Como eu desejei ardentemente comprar a todos... Mas a vida pessoal, por favor - me corrijam se eu estiver errada - não é cartão de crédito (tem uns que acham que sim, talvez os personagens do Grande Gatsby pudessem ficar envergonhados com essa nova geração de abastados vazios) e eu tive que me conter com um exemplar apenas. Adeus tristeza...!
Depois desse passeio no tempo dentro da livraria corri para uma indulgência ao corpo... Crepe vegetariano comido lentamente com mordidas delicadas enquanto caminhava. Daí, segui para o Museu de Cluny é conhecido também pelo nome Museu Nacional da Idade Média. Logo depois, rumei para o Panteão, lugar onde jazem os corpos daqueles que foram e são honra para a França. Por último, caminhei para a arena de Lutécia. Voltei para 'casa' quebrada de tanto que andei e então lembrei do show de luzes na Torre Eiffel a partir das 22h.
Fui, me senti só eu e meu livro debaixo do braço no meio da multidão. Quer coisa mais cliché que isso? Contudo, é fato. às vezes mesmo numa multidão a solidão é a companheira...
Poxa, dá uma folga... Pensem comigo, uma coisa é sexta-feira em casa, no Brasil, com o marido, amigos, família ou mesmo SÓ, está tudo bem, mas em Paris sozinha... Tudo remete á romance. É triste para a Renata, como diria nosso fiel colega de trabalho Marcos. É triste... Voltarei à leitura. Viva a Literatura!!
A tal livraria Shakespeare & Company na Rue de La Bucherie 37 de frente ao rio Sena e do lado da Notre Dame.
Olhem só esse crepe... Mudou minha vida. Vou fazer com massa integral, Cris que ama essas coisas!!
Museu Cluny
tapeçaria no Museu Cluny do século XV, dêem uma olhada Chama-se Dame à la licorne
Vitrais de igrejas da idade média
Dentro do Panteão. Aí mais ao centro consta o pêndulo de Foulcault, através dele se demonstra a rotação da terra.
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