Tuesday, May 29, 2012

Sobre a paixão pela vida, ou a falta dela

Esse final de semana foi bem relaxante em casa. Não saimos de casa, só para a sauna. Dormimos e comemos. Foi bom pois pude enxergar a minha vida com outros olhos.

Às vezes criamos problemas, aumentamos ou simplesmente nos prendemos demais à eles. Percebi que tinha perdido a paixão pela vida. Entrar e sair de metrô de segunda à sexta dá para ter a visão clara de quão gado nós somos. Às vezes dá um desespero. Dormir, acordar, comer e trabalhar. 8 horas por dia, 5 vezes por semana (e tem gente que trabalha mais!). Eu agora não estou reclamando, só estou fazendo uma reflexão, ok? Me acompanhem por favor...

Quando eu era criança em Recife, o tempo não passava. Era fácil ficar entediada. Nos fins-de-semana Thais e Raquel iam para o Janga, moranguinho sumia, Gera e Marquinho sumia também... E os meninos do bem da rua de trás? (Samuel e Daniel, David não pois andava com a galera do mal) sumiam também... Às vezes eu tinha a sorte de Renatinha galega estar em casa sem ser de castigo e podíamos brincar.

Tinha também a Juliana que morava na frente da casa da Renatinha loirinha. Como os pais eram separados (na época eu não entendia isso, não era comum isso com meus amigos) ela às vezes não ficava na casa da mãe no fim-de-semana. Minha parceira mais comum então nesses 2 dias que pareciam não acabar jamais era Renatinha.

Eu era a Renatinha morena e ela era a Renatinha lorinha. Tentamos dizer que uma era Renata 1 e a outra Renata 2, mas não deu muito certo. As duas queriam ser a número 1.

Tenho que focar senão viajo no tempo e perco o que queria dizer... Então quando era criança o final de semana era interminável! Virei adolescente em Goiânia, as coisas não mudaram muito... Quando jovem já de namorado, costumava gostar mas não era lá aquela coisa...

Hoje adulta, passo a semana toda pensando e desejando o fim de semana... isso não está certo. E foi com esse pensamento que me peguei nesse fim-de-semana pensando em como pude ficar tão desapaixonada pela vida. Acho isso muito perigoso, ao menos para mim, pois não sou dona da verdade.

A falta de paixão para mim é a porta para a desilusão e uma vez passado por ela... a depressão chega, nos envolve e aí meu rapaz? Ai... Pensei, porque cargas d'água tinha perdido a paixão pela vida? Isso reflete no trabalho, na vida amorosa, espiritual profissional como um todo. Refletiu na minha vida mesmo. É um cranco. E aí vi que fui alimentando isso sem nem perceber...

Ou seja, criei, aumentei e me prendi ao problema em questão. A rotina me tirou as forças. Daí, segunda comecei a minha campanha pessoal pelo resgate da paixão em minha vida. Vou dormir para descansar e ir ao trabalho, mas quando acordo, olho para aquele homem que dorme sem nada saber ao meu lado, olho para ele e tento me lembrar de todas as coisas boas que vivemos nesses 6 anos, daí levanto apaixonada.

Vou pegar o metrô e vou olhando e percebdno a natureza e as delícias de ter olhos para admirar, pernas para me locomover, mãos para sentir. Entro no metrô e pego meu livro do momento "Paris é uma festa" de Ernest Hemingway. Como uma pessoa pode descrever as coisas tão bem como ele? Mais uma vez a paixão fulmina na minha carne. Eu não quero mais deixar de lê-lo mas aí chega a última estação, a estação central e me vejo obrigada a descer. Deixo as pessoas passarem, sendo a última ou penúltima na escada rolante não deixo de ser menos gado como todos os outros... Mas subo a escada pensando em como poderei fazer para continuar lendo mais...

Chego ao trabalho e vejo minha amiga Cris, como tenho aprendido com ela nesses 3 anos de escritório (para quem não sabe era professora). Aí lembro do amor de Deus por todos nós, e aí a paixão salta aos olhos, vem como um nó na garganta e eu me seguro para não deixar a lágrima sair de tanta emoção e paixão pela VIDA. Lembro que estou na terapia e que chorar toda hora, como eu fazia antes, demonstra fraqueza e imaturidade. Então a vontade da lágrima sair, passa.

Começo a trabalhar naquilo que tive a benção de aprender e gostar, a paixão outra vez. Não o tempo todo e a hora toda pois o cansaço vem, uma ponta de desânimo  pois é tanto serviço, e o medo de não conseguir cumprir tudo?  Mas aí chega o almoço, como é bom ter apetite e poder mastigar e ter prazer com o alimento! E lógico poder ter dinheiro para comer bem! Apaixão tomou formato, grãos negros, mix de carocinhos integrais, explosão de cores e um pedaço suculento do que um dia foi vivo como eu. Penso em como sou feliz por estar no topo da cadeia alimentar (perdoem-me os vegetarianos, eu amo ir no restaurante vegetariano mas comer uma carninha é bom demais sô).

Deu um cansasinho, uma vontade besta de dormir... Ai e como é bom deitar e dormir sem dever nada a ninguém e poder ter a sorte de sonhar... Volto a trabalhar e olhio para os lados, colegas de trabalho, amigos todos querendo o mesmo que eu com variações lógico. Cada um querendo cuidar de si, viver, curtir a vida da melhor forma.

Conclusão? Tenho que manter a chama da paixão em mim, ele independe do trabalho, do marido, da igreja, do trabalho e dos amigos. Todos esses influenciam mas a paixão depende de meu olhar sobre tudo isso que falei anteriormente. A paixão pode florescer, basta eu ser humilde o suficiente, ter com a formiga* e cultivar a paixão por estar vivo, por poder mais um dia aprender!

Estou a 7 dias das férias sonhadas. Minha Paris: aulas de francês, baguete debaixo do braço, vinho na torre eiffel, caminhada no rio sena ao entardecer, fingir que moro lá, me perder no museu do louvre, não saber qual queijo escolher no supermercado, gastar horas na livraria, me perder na conta do supermercado (já viu como é difícil contar em francês?)...

A minha paixão pela vida voltou não por Paris, voltou por mim mesmo. Contudo, que bom que estou redescobrindo-a justamente a uma semana de ir para lá! Paixão en Français et à Paris c'est très chic!**

Estou encantada! Como é bom estar viva!!! Obrigada Deus por mais um dia!

À biêntot***!!

Renata Maria

*Provérbios 6 - 6
** em francês e em Paris é muito chique
*** até mais!


p.s.: Tô muito metida a besta heim??

2 comments:

  1. Que lindooo.. tu tão certa em tudo que tu disse. A rotina, as bronquinhas, as ansiedades, as escolhas, os erros, parecem ir levando um pouquinho a paixão da gente pela vida, né? Tu já viu a propaganda da Natura "Toda rotina tem sua beleza?" É linda! ;) Beijão pra tu.

    ReplyDelete
  2. Renatinha, como você escreve bem, menina. Encantada. Vou lhe acompanhar por Paris, porque também sou apaixonada pela cidade que já visitei duas vezes. E agora Maria Fernanda me vem com essa: "Mamãe, eu sou mais ou menos completa, mas vou ficar completa quando conhecer Paris". Promessa feita, cofrinho aberto para começar a juntar reais para transformar em euros. Falar de Paris dá vontade de não parar, mas quero falar sobre o tempo que não passava quando você era criança em Recife. A nossa pressa para tudo é que faz o tempo voar. Parei pra pensar sobre isso um dia desses e fiz a seguinte pergunta a Maria Fernanda: "Filha, quando você sai comigo, me acompanha o dia todo, o tempo passa rápido ou devagar? E ela respondeu: rápido. E quando você fica em casa, recebe suas amigas, como é o tempo? Devagar". Pois...a nossa pressa acaba tirando nosso tempo de vida, e é isso que dá um apertinho lá dentro do peito, uma saudade dos tempos da Renatinha Morena e Renatinha Loira...
    Beijo grande e daqui irei acompanhar seus passos em Paris. Eu e Maria Fernanda.
    Bj
    Thaisa

    ReplyDelete