Wednesday, October 5, 2016

E foram todos para Paris...

Estou cansada de sonhar. Será possível que minha pobre mente não consegue parar?

Acordo imaginando outras vidas, outros lugares, outras culturas.  Minha mente não pára e não consigo ter um sossego sequer. Isso é um desabafo. Há tanto tempo não vinha aqui escrever sobre viagens e agora volto a escrever sobre a viagem incessante e diária da minha mente.

Lembro de uma vez, um cara fantástico que conheci me dizer "Renata, se colocassem uma tela ligada à sua cabeça... Não teria como acompanhar o andamento das imagens..." (por onde ele andará?)

Acho que, infelizmente, isso explica bem quem eu sou, e eu não me orgulho disso.

Semestre passado uma professora maravilhosa da UNB falou um pouco alterada na sala:
                           
           "Há pessoas que não conseguem se focar no presente"


Aquilo me chocou sobremaneira.
                                                Identifiquei-me logo.


Foi tipo uma bofetada de luva. Nunca levei uma aliás, mas imagino que seja isso. Foi uma forma muito fina e suave de me fazer acordar, mas foi muito forte que até hoje penso nisso. Tento, luto, mas não consigo, é mais forte que eu, eu não consigo permanecer no presente por muito tempo. Eu acordei, mas não levantei para a vida verdadeira.

A mente não pára.
A mente não
A mente
A
ahhhhhhhh

SE estou na aula de tradução, em vários momentos a mente foge... Vai na Paris de 1920, percorre Recife de 1980, se esconde na Paris de 2012, passeia com Hemingway entre um de seus inúmeros casamentos, escorrega na aula de latim de segunda que não entendi muita coisa, divaga sobre se deveria casar em 2006, sente as dores do parto de 2013, pensa se com 50 anos poderia viver um novo amor, e por aí vai. Pense que não pára. Gera uma perturbação, às vezes e em outra vezes me faz perder uma conversa, um pouco da aula, e por aí vai.

Passei um mês para decidir comprar a passagem para Paris. Iria eu e Valentina somente. Duas semanas. Perdi noites e dias imaginando a aventura e o sofrimento. Por fim comprei. Foi quase um mês atormentando o ex marido para ir comigo e com a Valentina. Por fim, ele cedeu. Agora, vamos todos para Paris, a saber:
David, o homem mais livre e perdido que já vi na vida.
Valentina, a menina mais cheia de energia que já conheci na vida.
E, eu, a pessoa que mais não consegue se ater ao presente que já vi na vida.

Minha vida para alguns é longa, e para outros é curta. Diria 37 anos precisamente. Parece-me muito em alguns dias, naqueles que queria descansar eternamente, mas em outros, diria que bem pouco para o tanto de sonho que possuo. A mente não pára.

Que Deus nos ajude.